Centro de documentação
e arquivo feminista
elina guimarães

Projeto a Idade e o Género. Até onde vai o preconceito?

Saúde Física e Mental nas mulheres com mais de 65 anos

O projeto “A idade e o género até onde vai o preconceito”, encontra-se a desenvolver uma série de tertúlias subordinadas a este tema.

As mulheres portuguesas podem ter uma longa esperança de vida, vivem mais tempo, mas com grandes incapacidades físicas.

Neste contexto, no passado dia 13 de julho de 2021, pelas 18 horas e, por via online, realizou-se a 2ª tertúlia dedicada à “saúde física e mental nas mulheres com mais de 65 anos”. Num painel constituído por 3 médicas, ainda no ativo, contamos com a presença da Drª Ana Jorge (que pertenceu a várias Instituições da Administração Pública e ao Governo da República); Drª Adélia Pinhão médica de saúde pública) e Drª Idalina Rodrigues (médica anestesista do Serviço Nacional de Saúde), que refletiram sobre este assunto.

A saúde física e mental nas mulheres com mais de 65 anos

Coordenação: Idalina Rodrigues
Intervenção de Idalina Rodrigues

Introdução geral

Vivemos uma época de desafios imprevisíveis para a saúde: alterações climáticas, doenças infeciosas, desastres ecológicos, pandemias entre outros.

Mas uma tendência é incontornável: o envelhecimento das populações está a acelerar e as mulheres com mais de 65 anos são em maior número.

Não existe a mulher típica com mais de 65 anos. A diversidade das capacidades e das necessidades em saúde depende do percurso da sua vida, muitos eventos poderiam ser modificados num conceito de envelhecimento saudável.

Existem evidências de que o processo de envelhecimento físico e mental é de natureza multifatorial dependente da programação genética, das alterações que ocorrem a nível celular-molecular, das condições de alimentação, ambientais, tratamento das doenças, integração no contexto familiar e social, etc

A mulher com mais de 65 anos, está sujeita a maior descriminação etária e de género, reforçando por isso a necessidade de lutar por um envelhecimento saudável.

Na verdade as sociedades modernas veneram a beleza física, a saúde, a destreza física e a posse de bens materiais, e a velhice associa-se a uma degradação de todos estes elementos.

Em particular a mulher não só pode passar a ter rusgas e cabelos brancos, mas vive a menopausa, deixa de ser fértil e tem manifestações físicas que pode diminuir a sua autoestima e lhe podem causar tristeza e depressão.

Afirma-se que deixam de ter desejo sexual. É falso, pois podem ter prazer e orgasmos com carinho e amor nas relações. A secura da mucosa vaginal ultrapassa-se com lubrificação.

A reforma com a perda do papel profissional tem reflexos negativos em ambos os sexos, mas na mulher está habitualmente associado a maior isolamento, e a situação económica mais penosa por as reformas da mulher serem mais precárias.

A violência doméstica persiste na velhice não só do parceiro conjugal mas muitas vezes de outros elementos da família.

È sobre os problemas das mulheres com mais de 65 anos e a luta pelo seu envelhecimento saudável físico e mental que iremos iniciar o debate com as nossas convidadas que passo a apresentar.

Apresentação das convidadas

Dra Ana Jorge – Médica. Desempenhou varias funções na Administração Pública e no Governo da República e continua a desempenhar funções na área da Administração de saúde. Partindo da sua experiência de Vida vai-nos falar.

Luisa Desmet Não pode estar presente por motivos profissionais.

Dra Adélia Pinhão, Médica exerce funções na Medicina do Trabalho mas é sobretudo na sua experiência na área da toxidependência que ela nos vai falar das Mulheres de mais 65 anos toxicodependentes.

Considerações finais

– Apesar de algumas perdas físicas e cognitivas (audição, visão, falhas de memória) associadas ao envelhecimento existem capacidades menos afectadas como: capacidade de adaptação, maior prudência e precisão na realização de tarefas, maior agilidade na resolução de problemas, melhor capacidade de interpretar informação verbal, maior facilidade na execução de tarefas familiares e no uso do conhecimento acumulado

– Entender o processo de envelhecimento é não só importante para entender os processos que lhe estão associados mas fundamentalmente para desenvolver estratégias que contribuam para garantir uma vivência de forma autónoma e qualitativamente positiva reforçando a autoestima, independência e inserção social em atividades valorizáveis.

Saúde física e mental nas mulheres +65 anos.
Dra. Ana Jorge (by Patrícia Way).

“A esperança de vida é muito elevada já em Portugal, felizmente; o que significa que toda a evolução que temos feito não é só nos aspectos dos cuidados de saúde, mas também, obviamente das condições de vida que apesar das grandes dificuldades, de uma forma geral, houve bastante melhoria.”

1) Saúde física, envelhecimento e morte: “O tempo de envelhecimento é um processo natural e biológico e que seja vivido de uma forma saudável: manter-se livre de doença ou dolência por um lado, preservar a funcionalidade física e mental e envolver-se na sociedade é o que se considera envelhecimento ativo, segundo a OMS.”

“O envelhecimento e a morte fazem parte do ciclo de vida. Isto é para nós entendermos que se nós pudermos envelhecer significa que estamos rijos e que estamos cá. E, portanto, isto é um sinal positivo. Agora temos que ter a capacidade para levar de uma forma menos sofrida possível. A morte faz parte do ciclo da vida e é bom que se fale disto para que cada um possa preparar e sentir o quê quer fazer da sua própria vida.”

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Testemunho de uma participante na sessão, de seu nome Margarida “saúde física e mental das mulheres com mais de 65 anos

ENVELHECIMENTO e SOLIDÃO

Nascer, crescer, envelhecer e morrer são etapas comuns à maioria dos humanos – homens ou mulheres, saudáveis. Mas será que é igual para os dois géneros? Trabalhei com Idosos, em Lar e Centro de Dia, nos últimos 12 anos de atividade profissional.

Passava uma grande parte dos dias junto deles, conversando, escutando e observando. Para além das limitações físicas que a idade arrasta consigo, e que são mais ou menos comuns a ambos os sexos, há grandes diferenças que não escapam a uma observação mais atenta. Por exemplo, o Homem fala muito menos do que a Mulher.

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