Centro de documentação
e arquivo feminista
elina guimarães

Roteiros Feministas

A UMAR orienta regularmente visitas guiadas dos “Roteiros Feministas na Cidade de Lisboa” em português e inglês através de marcação para o email centroculturafeminista@gmail.com. A UMAR tem também exemplares dos “Roteiros Feministas na Cidade de Lisboa” à venda no Centro de Cultura e Intervenção Feminista.

Introdução

A todas as pessoas que lutaram para que Lisboa fosse uma cidade de liberdades.

Os Roteiros Feministas na cidade de Lisboa inserem-se no projecto “Memórias e Feminismos: Mulheres e República na Cidade de Lisboa” e nascem da parceria estabelecida entre a UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta e equipa de investigação Faces de Eva da Universidade Nova de Lisboa, vencedoras da primeira edição do Prémio Municipal Madalena Barbosa em ex-aequo com a Fundação AMI – Assistência Médica Internacional.

Pretendemos com os Roteiros Feministas, no seguimento da Agenda Feminista para o ano de 2010 intitulada As Mulheres e a República, quebrar os muros do esquecimento a que têm sido votadas todas aquelas que se bateram em movimentos emancipatórios.

Nesta edição de «4 Roteiros Feministas» partimos à aventura pela cidade de Lisboa com uma lupa especial a fim de recuperar e tornar visível a voz e o protagonismo das mulheres nas suas trajectórias individuais e lutas colectivas, contribuindo para a construção da memória histórica dos feminismos.

Privilegiámos o período da I República, mas não nos cingimos a ele, pois não pretendemos delimitar gerações, escolas de pensamento, activismos sociais que, na realidade, coexistiram e continuam a coexistir.

Como quem percorre as ruas e não quer saber de fronteiras, deparámos com figuras marcantes que nos saltaram ao caminho pela sua musicalidade, empenho na transformação social, exemplo de cidadania e poder revolucionário.

Mary Wollstonecraft, pioneira feminista há mais de 200 anos, passou, embora sem demoras, por Lisboa no ano de 1785. Mas muitas outras associaram o seu nome às reivindicações feministas. Antes e durante a I República, nas lutas contra a Ditadura e o Estado Novo e mesmo após o 25 de Abril de 1974, revolução importante, mas inacabada, elas estiveram lá: nas ruas, nos comícios, nos salões literários, nas tertúlias, nos centros escolares republicanos, nas associações femininas e feministas, nas redacções dos jornais, nos cafés, nos ateliers, nos teatros, nos parques, nos tribunais e nas barricadas da rotunda desta cidade de Lisboa, que viu amanhecer a República, na madrugada de 5 de Outubro.

Não chega acrescentar o nome das mulheres e de outros protagonistas, também silenciados, para que a história da cidade passe a ter uma perspectiva feminista. É necessário ir mais além e pôr em causa a hierarquia dos valores em que se baseia o discurso hegemónico que representa as mulheres e outros grupos subalternizados de uma forma preconceituosa e estereotipada, abrindo o pensamento a novos tipos de conhecimento e de práticas sociais e culturais.

Os quatro itinerários propostos nas páginas que se seguem partem de uma abordagem às colinas de Lisboa. Na Colina da Graça situam-se os Roteiros 1 e 2 que, dos miradouros da Graça ou da Senhora do Monte, podem piscar o olho aos Roteiros 3 e 4 espraiados pelas Colinas das Chagas (Largo do Carmo e envolvente), Santa Catarina (Largo Camões até à Calçada do Combro) e São Roque (Bairro Alto).

Desejamos que desfrutem a cidade na companhia destas e destes protagonistas que deram vida às ruas, praças e jardins e fizeram a História de Lisboa.