Centro de documentação
e arquivo feminista
elina guimarães

Memórias e Feminismos III
Desocultar quotidianos de mulheres

uma estratégia de intervenção feminista

Introdução

capa memoriasiiiO empoderamento das mulheres e o incentivo às relações intergeracionais que este projeto acolhe constitui uma mais valia na concretização dos objetivos gerais do V Plano Nacional para a Igualdade de Género, Cidadania e Não discriminação.

O projeto Memória e Feminismos nas suas fases anteriores: “Percursos de vida de mulheres no século XX” e “Novas vozes, outros olhares” tem vindo a criar condições para que as histórias de vida de mulheres de diversas condições sociais, de diferentes regiões e com várias profissões e idades se constituam como um suporte importante de reflexão sobre a história dos feminismos em Portugal.

O contexto social e político em que decorrem as suas vidas situa-se em duas fases muito diferentes do país: o regime autoritário do “Estado Novo” e a democracia nascida com o 25 de Abril de 1974. Deste modo, tem sido possível evidenciar nessas histórias de vida vivências de dois períodos históricos com implicações nos seus direitos como mulheres.

Torna-se fundamental refletir sobre as histórias de vida até aqui recolhidas, em número de quarenta, segundo vários eixos de análise, como por exemplo, os trajetos emancipatórios, e o privado como um espaço onde ainda pairam muitos silêncios.

O seminário sobre “Memória, Feminismos e Histórias de Vida” com a presença de duas historiadoras de renome: Françoise Thébaud e Elisabeth Élgan veio dar corpo ao quadro teórico em que assentamos o nosso trabalho, fazendo com que as histórias de vida possam constituir-se como uma opção epistemológica. É este o tipo de pensamento de investigadoras que trabalham nesta área: “Trazer a voz de quem ficou silenciado na história constitui um processo de produção de ciência e não apenas uma forma de acrescentar novas fontes à investigação histórica” (Magalhães, 2012:11).

Com esta nova fase: “Desocultar quotidianos de mulheres, uma estratégia de intervenção feminista”, pretende-se, ainda, reforçar a recolha de histórias de vida em várias localidades dos Açores (Ponta Delgada, Rabo de Peixe, Faial, Angra do Heroísmo e no região de Almodôvar no Alentejo).

Divulgar esta área de intervenção através de diferentes meios e em diversas instituições académicas e locais, como escolas, autarquias, centros de apoio a pessoas idosas, coletividades, como uma forma de criar efeitos multiplicadores para o futuro, torna-se crucial nesta fase, devido aos materiais de divulgação já acumulados no projeto Memória e Feminismos (exposições, vídeos, livros).

Conseguirmos interessar produtores/as de cinema para que pudesse vir a ser criado um filme/documentário com estas histórias de vida para exibir em salas de cinema e na televisão será um dos grandes objetivos a alcançar no futuro.

Objetivos

  1. Analisar as histórias de vida recolhidas, enquadrando contextos sociais, culturais e políticos numa perspetiva dos caminhos emancipatórios percorridos pelas mulheres com quem se tem trabalhado.
  2. Reforçar a recolha de histórias de vida em várias localidades dos Açores (Ponta Delgada, Rabo de Peixe, Faial, Angra do Heroísmo e na região de Almodôvar no Alentejo).
  3. Aproveitar os materiais produzidos para a dinamização de ações que fomentem o empoderamento de mulheres em especial de faixas etárias mais avançadas e fomentem o incremento de relações intergeracionais.
  4. Sensibilizar produtores de cinema e de documentários para as histórias de vida de mulheres, fomentando possíveis produtos nesta área.

Atividades

  1. Realização de work-shops de reflexão sobre as histórias de vida recolhidas durante as diversas fases do projeto: Memória e Feminismos.
  2. Elaboração de conclusões a serem publicadas no Portal do Centro de Documentação e Arquivo Feminista Elina Guimarães.
  3. Recolha de histórias de vida em localidades das regiões dos Açores e Alentejo antecedidas de ações de formação para quem vai realizar este trabalho.
  4. Realização de um seminário em Ponta Delgada e outro na região de Almodovar de divulgação das histórias de vida recolhidas.
  5. Edição de vídeos com as histórias de vida e proceder à sua divulgação.
  6. Elaboração e edição da agenda feminista de 2015 com base no trabalho desenvolvido em 2014 e sob o lema: “Vidas esquecidas, o que agora é dito”
  7. Lançamento da agenda feminista em Coimbra em seminário temático sobre “Feminismos e Histórias de Vida, caminhos cruzados”.
  8. Produção de painéis de exposição sobre o projeto.
  9. Realização de sessões em escolas, autarquias e centros de dia.

Metodologias

De carácter qualitativo, as metodologias a utilizar caracterizam-se pela proximidade junto das mulheres cujas histórias de vida vão ser recolhidas, após selecção prévia mediante critérios estabelecidos pelo Conselho Consultivo do Centro de Documentação e Arquivo Feminista Elina Guimarães. As filmagens a realizar irão ser antecedidas de formação adequada à recolha de histórias de vida e a aspectos técnicos de som e imagem. Nos workshops vão ser utilizadas metodologias ativas de envolvimento das pessoas.